Na leitura da Divibank para o relatório FOCUS trazemos um olhar sobre os principais índices que conduzem a nossa economia e que refletem as mudanças de humor do mercado também lá fora. Aqui no Brasil, entendemos que o IPCA foi impactado pela redução do preço dos combustíveis, mas que o cenário ainda é de instabilidade e preocupação. Já o cenário externo ainda preocupa, dado que o Federal Reserve (FED) não deve parar de aumentar a taxa de juros nos EUA tão cedo.
Para ler em mais detalhes, acompanhe nos tópicos abaixo.
IPCA
A deflação apresentada pelo IPCA no mês de agosto fez com que o mercado esperasse uma inflação ainda menor para o 3º trimestre de 2022. A deflação é fruto da queda do preço de diversos produtos, em especial dos combustíveis, que puxaram o preço de outros produtos também para baixo. O G1 realizou uma matéria avaliando quais produtos da cesta de bens que compõem o índice apresentaram os menores resultados e consequentemente puxaram o indicador para baixo.
PIB
Os resultados do mercado de trabalho tiveram efeitos positivos sobre o Produto Interno Bruto, o que refletiu não apenas no indicador para o mês de agosto, que atingiu 0,9%, mas também nas expectativas que aumentaram em comparação à última semana.
Como apontado pela matéria da Valor Investe, o desempenho do indicador foi definido durante o crescimento apresentado no primeiro semestre de 2022, puxado pelo setor de serviços. Na contramão das expectativas otimistas, parte do mercado espera uma desaceleração da economia para este último semestre e, consequentemente, um menor PIB para o período (como pode ser visto na matéria da Valor Econômico).
As expectativas acerca do PIB tiveram uma melhora considerável frente ao mês de agosto/julho. O crescimento esperado teve a alta puxada principalmente pelo aumento do consumo das famílias, ocasionado pelos efeitos da injeção monetária do programa Auxilio Brasil. O setor de serviços segue como o principal motor para o crescimento do índice, em conjunto com a formação bruta de capital fixo (investimentos em estrutura das empresas). Entretanto, as exportações do agronegócio vem apresentando retração, o que reduziu os efeitos positivos da demanda interna sobre o PIB. Um resumo dos principais fatores que surtiram efeito sobre as expectativas na última semana podem ser encontrados na matéria da Valor Investe.
Selic
As expectativas em relação à Selic seguem inalteradas. Ao que tudo indica, o mercado aceitou a taxa em 13,75% para o ano de 2022 e espera que siga na casa dos dois dígitos para 2023. O Banco Central brasileiro passará por eleições ao longo do mês de setembro, o que eliminaria a pressão política exercida nos atuais gestores. Mesmo com a perspectiva de um possível aumento residual da taxa, as expectativas seguem inabaladas, e esta matéria da Valor Investe apresenta mais detalhes sobre as eleições do BC e seus possíveis efeitos.
Desemprego
Desde o segundo trimestre de 2022 as expectativas em relação à taxa de desemprego seguem positivas, denotando a perspectiva de que o aquecimento da economia iria promover a redução do índice ao longo dos próximos meses. A queda na taxa foi proporcionada, principalmente, pelo aumento do número de trabalhadores informais, o que, do ponto de vista econômico, não significa necessariamente um aumento dos trabalhadores autônomos e empreendedores, mas talvez uma nova maneira de sobreviver ao cenário em que vivemos. O G1, em uma matéria recente, apresentou informações quanto ao desemprego friccional, aquele que ocorre quando trabalhadores saem de um emprego e migram ou procuram outro. Os resultados indicam que quanto mais tempo alguém se encontra desempregado, maiores suas dificuldades em encontrar um emprego formal, podendo assim, se relacionar com o aumento da informalidade.
Câmbio
No que diz respeito à taxa cambial brasileira em relação ao dólar, as expectativas seguem as mesmas para o fim de 2022 e o ano de 2023, com o mercado esperando um valor próximo dos R$ 5,20. Por mais que o real tenha se depreciado frente ao dólar ao longo das últimas semanas, ele se apreciou frente a outras moedas, como o euro e a libra esterlina. A matéria da CNN traz relatos interessantes quanto ao comportamento do brasileiro em relação a moedas diferentes do dólar.
Apesar da estabilidade das expectativas, a incerteza proveniente da crise energética da Europa e as medidas tomadas pelos EUA no controle da inflação seguem como fatores de grande preocupação, principalmente no que tange ao balanço de pagamentos brasileiro. O ciclo de altas de juros nos EUA também propicia uma fuga de capitais, afetando assim os investimentos no Brasil.
Inflação nos EUA
Na última sexta-feira (26/08) ocorreu o Simpósio de Jackson Hole, no qual o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, discursou sobre a postura do FED no combate à inflação. Em suas palavras, “Não há um ponto para parar ou pausar”, citando o ciclo de aumento dos juros da economia. Os EUA enfrentam um duro período, em que o crescimento da economia segue lento e com um maior custo devido às altas nos juros, prejudicando empresas e famílias. O UOL Economia publicou uma matéria que sintetiza a opinião de diversos agentes sobre o que podemos esperar na política monetária norte-americana pós-Jackson Hole.
Juros nos EUA
O discurso de Powell ecoou sobre diversos mercados, tendo efeitos quase que imediatos no ajuste de carteiras. Um exemplo é o caso apontado pela Valor Investe, em que os títulos americanos atingiram um nível de rendimentos surpreendente. A fala do presidente do FED mitigou a preocupação do mercado em relação à possibilidade de não ocorrerem políticas de aperto monetário nos próximos meses, adotando uma postura hawkish sob os olhos do mercado.
A expressão trata de uma abordagem de combate à inflação para que ela se encontre na meta estabelecida pelo FED. Já seu oposto, a postura dovish, busca manter a atividade econômica mesmo com um aumento da inflação, sem necessariamente vê-la como um entrave à economia. Comumente os Bancos Centrais alternam entre as posturas para se adequar ao regime de política monetária determinado pela instituição, seja afrouxando as políticas para incentivar a economia ou apertando-as para permanecer nas metas estipuladas.
Global
O ponto de principal atenção no cenário mundial se volta para o desenrolar dos conflitos entre Rússia e Ucrânia, já se estendendo por mais de 6 meses. As sanções impostas à Rússia reverberam em consequência ao suprimento de gás russo aos países europeus, causando aumentos exorbitantes no custo da energia elétrica. Ademais, a competição entre EUA e China acerca do mercado de chips condutores vem proporcionando grande volatilidade no preço de inúmeros produtos da cadeia mundial, dada a importância do componente em diversos bens.