Hegemonia do TikTok no mercado internacional e seus reflexos políticos

De acordo com um relatório do site Apptopia de 2023, dos 500 aplicativos mais baixados nos EUA, apenas 10 são de empresas chinesas, mas quatro deles estão entre os cinco mais baixados: Temu, TikTok, CapCut e Shein. A situação gera desconfiança nos Estados Unidos, onde a crescente confrontação com a China está sendo sentida em múltiplos aspectos da vida americana, incluindo aplicativos populares como o TikTok.

Em audiência no Congresso, o CEO da rede de vídeos curtos, Shou Zi Chew foi questionado sobre a possibilidade de a plataforma ser usada pelo Partido Comunista Chinês para obter informações sobre milhões de americanos. Vários legisladores expressaram desconfiança em relação ao TikTok e o Secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, afirmou que acredita que o aplicativo representa um risco à segurança nacional e deve ser "encerrado de uma forma ou de outra".

Em diversos países, governos e cidadãos também manifestam preocupações com relação à rede social. Alguns países, como a Índia, já baniram o aplicativo, enquanto outros, como os EUA, estão revisando a forma como a empresa lida com dados. Isso porque a China pode usar a plataforma para obter informações sobre usuários, incluindo dados de localização, através das leis que permitem que o governo chinês exija dados de empresas e cidadãos chineses para operações de coleta de inteligência. Há também preocupações com relação ao uso da plataforma para desinformação, o que aumenta as suspeitas sobre o controle da China sobre o conteúdo que circula na rede.

Mas nem tudo são problemas. A desconfiança em relação ao TikTok levou a uma corrida para desenvolver aplicativos rivais que não ofereçam as mesmas preocupações em termos de segurança de dados e privacidade. No caso da Índia, em 2020, o banimento do TikTok resultou em um aumento no número de aplicativos rivais e não-chineses, como o Mitron, LitLot, Moj, Josh e Tiki. Plataformas que já estavam disponíveis no país, como Chingari, Roposo e ShareChat, introduziram recursos semelhantes ao TikTok, como a capacidade de criar duetos com outros usuários em suas plataformas. É possível que esse banimento mostre o que aconteceria nos EUA se uma possível proibição nacional se tornasse realidade.

A hegemonia dos aplicativos chineses é um reflexo do crescente poder econômico da China e do alcance global das suas empresas. Aplicativos concorrentes do TikTok no mercado, como o Instagram Reels e o YouTube Shorts, ainda não conseguiram competir com o sucesso do TikTok.

O fato de os aplicativos chineses estarem dominando os mercados internacionais, enquanto as empresas americanas têm dificuldades para se estabelecer na China, é visto como um desequilíbrio comercial. Os EUA estão lutando para manter sua posição de liderança em tecnologia, e o sucesso dos aplicativos chineses está sendo visto como uma ameaça. Por enquanto, o TikTok é apenas um exemplo desse desequilíbrio, e os governos estão tentando encontrar maneiras de nivelar o campo de jogo. Resta saber se e quando vão conseguir.