Nenhuma empresa cresce sozinha. O mercado está cheio de histórias de investimentos bem-sucedidos (e outros nem tanto) que permitiram tirar do papel ideias, além de criar e aprimorar processos para que um plano de negócios ganhasse vida e se transformasse efetivamente em uma organização sustentável.
Os caminhos para isso são muitos, cada qual com suas particularidades. No caso dos investimentos-anjo, não é diferente. Apesar de o empreendedor contar com o dinheiro e o conhecimento do investidor, algumas decisões determinantes para o futuro das empresas podem ficar engessadas.
Essa modalidade de investimento consiste em pessoas físicas (PF) que injetam capital próprio para financiar o crescimento de um negócio e se tornam donas de parte minoritária dele.
O suporte vai além do capital investido. As startups que aceitam esse tipo de investimento ganham sócios que integram as discussões e orientam os movimentos estratégicos (de acordo com o contexto de cada empresa), passando a compartilhar uma parte da gestão.
Porém, como em toda parceria, existe a possibilidade de o acordo não render os frutos esperados. O pior cenário é quando a visão de médio e longo prazos do fundador ou do diretor-executivo (CEO) que está à frente da operação é radicalmente diferente da do investidor-anjo, o que pode colocar em xeque o avanço da empresa.
Outros motivos que inviabilizam, apontados pela aceleradora Troposlab, estão relacionados ao desalinhamento de expectativas sobre o nível de dedicação do anjo no dia a dia do negócio, como o não cumprimento das regras estipuladas em contrato e a tomada de um percentual grande demais do negócio a ponto de prejudicar a startup.
O que esperar do investimento-anjo?
Como explica o site Anjos do Brasil, o investidor-anjo geralmente é um empresário, executivo ou profissional liberal experiente que já trilhou uma carreira de sucesso e tem um perfil arrojado com apetite de risco.
O investimento nas startups pode ser feito individualmente, mas normalmente acontece em grupos de 5 a 30 pessoas, tanto para a diluição do risco quanto para o compartilhamento da dedicação ao negócio. Cada startup conta com um ou dois investidores-líderes que têm maior influência nas decisões. Segundo o site, o aporte total feito por empresa varia de R$ 200 mil a R$ 1,5 milhão.
Mais do que integrar o dia a dia do negócio, investidores-anjos podem ajudar com o chamado smart money (dinheiro inteligente), que envolve oferecer mentorias especializadas, contribuir para aumentar a rede de contatos e abrir portas estratégicas para promover o crescimento esperado da operação, indo além do capital investido.
Certamente, esse é o grande benefício que eles podem oferecer. Afinal, em muitos casos, as startups em estágio inicial contam com poucas pessoas na operação, podendo faltar tempo para que pensem estrategicamente e posicionem o negócio de forma competitiva em meio à pressão de uma rotina atarefada.
Antes de entrar nessa experiência, é essencial que o empreendedor entenda como o investidor-anjo vai agregar à operação, já que existem outros caminhos para a obtenção de capital para expandir o negócio.
A escolha precisa ser consciente e levar em consideração lacunas a serem preenchidas a partir da chegada de um mentor. Normalmente, a demanda é por conselheiros experientes que possam ajudar no desenvolvimento de todas as etapas do crescimento do negócio em troca de uma participação acionária.
Porém, naturalmente, cabe ao investidor-anjo conhecer todos os detalhes da operação para saber se vale a pena apostar alto no crescimento dela e, se sim, qual é o retorno financeiro projetado.
De acordo com um trabalho exploratório apresentado no Encontro de Estudos sobre Empreendedorismo e Gestão de Pequenas Empresas sobre a atuação dos investidores-anjos em empresas no Rio de Janeiro, 61% deles priorizam uma boa qualidade do projeto; 50%, a perspectiva de saída ou retorno; 45%, a proteção do patrimônio; e 15%, o retorno fiscal ou tributário oriundo dos investimentos.
Como achar o investidor-anjo certo?
É fundamental encontrar pessoas investidoras que acreditem tanto no projeto quanto nos fundadores dele. Por entrarem no negócio no estágio inicial, os anjos costumam funcionar como um trampolim que leva a futuras rodadas de investimentos ou a outras opções, como o compartilhamento de receita, em que o empreendedor recebe o aporte para uma área específica enquanto pode usar o capital próprio para outros setores.
Entre prós e contras, ter investidores-anjos no negócio significa abrir mão da visão única do dono e compartilhar a gestão, o que pode ser bom ou ruim, dependendo de cada caso. No modelo de investimento da Divibank, essa guerra de argumentos perde o sentido, pois o empreendedor não precisa dividir a tomada de decisões com a empresa, pagando pelo financiamento com a renda gerada por ele.