Economia

Silver economy: as empresas precisam pensar no público mais velho

Por:
Divibank Team

A população mundial está envelhecendo devido ao aumento da expectativa de vida e à queda nos níveis de fertilidade. Segundo o relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) que considera o tópico uma megatendência do século 21, em 2050 o número de pessoas com mais de 65 anos será 22% do total da população — atualmente, são 12%. Com isso, a economia começa a se preparar para oportunidades geradas a partir da mudança do perfil demográfico.

Esse movimento já tem nome e sobrenome: silver economy (em tradução livre, economia de prata, em alusão aos cabelos grisalhos). O termo é utilizado para explicar as atividades econômicas que pessoas com mais de 50 anos já consomem ou vão consumir.

Dessa forma, a ideia não é apenas aproveitar o potencial de compra dessa classe de clientes, mas também desenvolver produtos que atendam às necessidades específicas dela.

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Estima-se que esse seja um mercado de US$ 15 trilhões; e, até 2030, a expectativa é que o Brasil esteja entre os dez maiores setores da silver economy.
Um mercado de quase R$ 1 trilhão

Segundo o site E-commerce Brasil, a economia de prata responde por 23% dos bens e serviços no País, o que movimenta cerca de R$ 940 bilhões. Esse mercado reúne cerca de 54 milhões de pessoas, sendo que a expectativa de vida é de 76,8 anos, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Uma análise do setor, realizada pelo SPC Brasil, mapeou o comportamento de compra desse público e descobriu insights valiosos que mostram por que as empresas devem direcionar esforços para o universo prateado.

Segundo a pesquisa, 94% deles são responsáveis financeiramente por manter a família; 52% estão dispostos a pagar mais caro por produtos e serviços com melhor qualidade; 64% são os únicos responsáveis pela tomada de decisão na hora da compra; 48% preferem consumir a economizar; e 45% deles têm dificuldade para encontrar produtos específicos.

Além disso, uma das dez principais tendências de consumo global apresentadas pelo estudo Euromonitor International inclui os chamados idosos digitais, que são consumidores mais velhos que interagem com tecnologia frequentemente. De acordo com a pesquisa, 45% das pessoas com 60 anos ou mais acessaram um serviço bancário no celular ao menos uma vez por semana nos últimos 2 anos, e 82% delas tinham um smartphone.

E mais: no intervalo de 2 anos, entre 2019 e 2021, o número de idosos que passaram a acessar a internet disparou de 68% para 97%, conforme dados da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL).

Como se destacar na economia de prata?

O marketing tem papel decisivo na elaboração de estratégias poderosas para extrair valor desse mercado. É por meio de uma análise detalhada do público-alvo que as empresas podem entender o que é acessado e consumido na internet, quais são as preferências e as prioridades dos usuários.

Portanto, se a experiência de compra é um diferencial para públicos mais familiarizados com o ambiente digital, no caso dos idosos é importante redobrar o empenho. Empresas interessadas em capturar a atenção dos consumidores maduros devem ter usabilidade e design que favoreçam o entendimento da proposta de valor dos produtos ou dos serviços anunciados.

Outra dica é priorizar um fluxo de vendas simples, com o menor número de cliques possível, para evitar o abandono de carrinho. Se aparecer alguma dúvida durante o processo, é aconselhável que os canais de atendimento sejam de fácil acesso, ágeis e com uma linguagem dinâmica, sem preconceitos de etarismo e que qualquer consumidor digital goste de usar.

Oportunidades à frente

O envelhecimento da população é desafiador em muitos aspectos, mas também abre um leque de oportunidades. À medida que as pessoas ficam mais velhas, as "dores" delas mudam naturalmente com o tempo. A boa notícia é que o avanço da tecnologia pode proporcionar soluções antes inimagináveis e que não eram possíveis em gerações anteriores.

Alguns exemplos são os recursos de telemedicina, que permitem o acompanhamento remoto do paciente e o uso de ícones e sons nos celulares adaptados para minimizar os efeitos da deterioração da visão ou da perda auditiva.

Um estudo conduzido pela Universidade de Georgetown (Alemanha), em parceria com a Philips, concluiu que nove em cada dez pessoas com idade entre 50 anos e 80 anos querem viver em casas próprias em vez de naquelas especializadas em cuidados de idosos.

Essa perspectiva indica que há demanda para o desenvolvimento de produtos e serviços capazes de aumentar a segurança e o conforto dos consumidores mais velhos, permitindo-os permanecer em casa apesar do impacto causado pelo avanço da idade, como mobilidade, capacidade de memória e destreza nas tarefas diárias. Em muitos casos, a automação pode ser uma grande aliada.

Dessa maneira, não se deve ignorar esse público nas abordagens de marketing, linguagem e produto, ficando pronto para o presente e para o futuro.

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