O principal aspecto que uma empresa deve avaliar quando sai em busca de capital é a conjuntura econômica. O cenário atual macroeconômico de juros em alta e a possibilidade de recessão afetaram o mercado global e, é claro, o Brasil, o que fez "ligar o sinal de alerta" nas empresas.
Nesse contexto, o dinheiro está mais caro, e alguns investimentos se tornaram mais atraentes do que outros. Entre as opções que cobram taxas crescentes para o retorno ou que demandam crescimento acelerado, o que nem sempre é possível para a maior parte dos negócios, é preciso levar em conta a alternativa que mais combina com o momento da empresa.
Em meio ao clima de maior cautela, as empresas têm se deparado com investidores mais cuidadosos na seleção de onde aplicar o dinheiro. Operações como fusões e aquisições, venture capital (capital de risco), private equity e aquisição de ativos estavam em crescimento desde 2017 e ganharam velocidade em 2021, mas pararam de crescer neste ano.
Mesmo com o pé no freio, os fundos de venture capital continuam sendo uma boa opção de investimentos para as pequenas e médias empresas com visão de longo prazo (10 anos ou mais). Nesse momento, a tendência é que os investidores priorizem companhias que já passaram pela etapa de aceleração, estão mais consolidadas e têm, efetivamente, grande potencial de crescimento no longo prazo.
Dessa forma, a estratégia precisa se encaixar no tipo de retorno que os investidores esperam. O estoque global dos fundos de venture capital está na casa de US$ 900 bilhões; uma hora ou outra, esse dinheiro voltará para o mercado, fazendo que ainda seja uma boa opção para as startups.
Já os fundos de private equity são uma alternativa de investimento para as empresas mais maduras e de maior porte que querem vender uma participação no negócio nesse momento delicado da economia. Essas movimentações também registraram queda neste ano, mas seguem a busca por negócios já consolidados, sólidos e com forte potencial de expansão. Na visão deles, a espera pela geração de lucros não pode mais ser tão longa.
A volatilidade do mercado tem mostrado investidores dispostos a pagar mais por negócios de áreas mais estratégicas, como tecnologia, energia renovável e meio ambiente, social e governança (ESG). Esse cenário tem sido desafiador até para a realização de operações de fusões e aquisições. De forma geral, os investimentos desse tipo também recuaram.
Preferência nacional
No mercado doméstico, as empresas brasileiras continuaram investindo em negócios com foco em mercados específicos, como Tecnologia da Informação (TI) e companhias de internet. Essas são algumas das poucas indústrias que se mantiveram atraentes.
Além disso, com os valores das organizações considerados mais baixos em função da desvalorização do real frente ao dólar, os investidores estrangeiros têm buscado investir localmente, tendo em vista que se trata de um ciclo e que o crescimento acontecerá em médio e longo prazos.
O mesmo acontece com relação aos investidores-anjo, cujos investimentos são feitos por pessoas físicas (PFs) em startups que estão em fase inicial de operação. Apesar de terem experiência profissional e conhecimento do mercado, eles seguem cautelosos.
A estreia de uma empresa na bolsa de valores para conseguir aportes, por meio da realização de oferta inicial de ações (IPO), vem sendo considerada uma opção menos viável nesse momento. A conjunção de inflação e juros altos afetou o valuation (o valor de mercado), e isso tem reflexos diretos na quantidade de capital a ser captado, o que pode comprometer a entrada no mercado acionário.
Em um momento de menos recursos financeiros disponíveis, uma opção das empresas pode ser buscar apoio intelectual com o smart money. Nesse formato, os investidores têm como objetivo agregar mais valor ao negócio e oferecer tanto conhecimento como rede de contatos. São informações que ajudam a abrir portas, saber o que pode dar certo ou não de acordo com o cenário e apresentar as melhores opções, o que vai fazer quem busca capital seguir por caminhos mais curtos, menos trabalhosos e até menos dispendiosos. São três aspectos fundamentais para o negócio em uma situação de provável recessão econômica.
Mas se, mesmo diante do cenário econômico, a empresa considerar que precisa realmente de capital, uma opção viável é recorrer a uma modalidade conhecida como love money (dinheiro do amor) ou Family, Friends, Fools (FFF — de Família, Amigos e outras pessoas). Nesses formatos, o empreendedor tem acesso a capital doado por familiares e amigos, que ajudam a viabilizar a startup com pequenos investimentos para iniciar as atividades ou pagar as despesas iniciais e, aí sim, garantir uma margem para investimento.
Algumas vantagens são a ausência ou a redução de juros e o fato de não haver vínculos com bancos ou órgãos públicos. Nomes ligados a grandes empresas, como o fundador e diretor-executivo (CEO) da Amazon, o empresário norte-americano Jeff Bezos, tiveram essa ajuda no início da jornada nos negócios. Em um exemplo mais próximo da realidade brasileira, o CEO da O2C Hipermídia, Philippe Rosa, utilizou essa variedade para poder acessar uma mentoria na Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).
A Divibank também tem ajudado empresas nesse momento delicado. Na plataforma, as companhias encontram menos burocracia para conseguir investimentos focados em marketing e aquisição de estoque.
Como a Divibank oferece um programa de pagamento com taxa definida no momento da proposta, mas que será proporcional às receitas futuras, não há comprometimento de caixa. Assim a organização continua a crescer e é possível prever um pagamento que se adeque melhor ao faturamento mensal.